O que é a teologia da substituição?
A Teologia da Substituição é um enfoque sistemático enganoso da Bíblia, que não apenas tem desviado milhões de cristãos ao longo dos anos, mas tem também originado o mal nas mais terríveis proporções. Essa teologia teve sua participação na perseguição aos Judeus pela Igreja através dos séculos, incluindo o Holocausto, e foi também o pensamento teológico que pairava por trás do pesadelo do apartheid.
A Teologia da Substituição declara que Israel, tendo falhado com D'us, foi substituída pela Igreja. A Igreja é agora a verdadeira Israel de D'us e o destino nacional de Israel está para sempre perdido. A restauração do moderno Estado de Israel é, assim, um acidente, sem nenhuma credencial bíblica. Os cristãos que crêem que tal restauração é um ato de D'us, em fidelidade à sua aliança estabelecida com Abraão cerca de 4000 anos atrás são considerados enganados. Esta é a posição básica dos adeptos dessa teologia.
Erros de pensamento:
A) - O método de interpretação alegórico: a Teologia da Substituição efetivamente mina a autoridade da Palavra de D'us pelo fato de que ela repousa sobre o método alegórico de interpretação. Isto é, o leitor da Palavra de D'us decide espiritualizar o texto mesmo que o seu contexto seja literal. Isto efetivamente rouba a Palavra de D'us de sua própria autoridade e o significado do texto fica inteiramente dependente do leitor. A Palavra de D'us pode assim ser manipulada para dizer qualquer coisa! Assim, a Teologia da Substituição apoia-se na falsa base da interpretação bíblica.
B) - Entendimento inadequado da Aliança: a Teologia da Substituição é apenas sustentada por aqueles que não entenderam apropriadamente a natureza da aliança abraâmica. Esta aliança é primeiramente mencionada em Gênesis 12:1-4 e depois disso repetidamente asseverada e confirmada aos patriarcas. Essa aliança é a aliança da graça pois ela inclui a intenção de D'us de redimir o mundo todo. D'us diz a Abraão: "Em ti todas as nações do mundo serão benditas." A Aliança Abraâmica é uma aliança com três elementos vitais:
2) - Ela lega uma terra como uma possessão eterna à Israel.
3) - Ela promete abençoar aqueles que abençoarem a Israel, e amaldiçoar aqueles que a amaldiçoarem.
De acordo com os teólogos da substituição, esta aliança foi anulada. Somente uma compreensão inadequada e superficial da aliança pode levar à tal conclusão enganosa.
As promessas à Israel nacional são constantemente reafirmadas pelos profetas. Desta forma, Ele enfatiza a natureza de seu caráter e confirma a aliança abraâmica. Um exemplo disto é Jeremias 31:35-37: "Assim diz o Senhor, que dá o sol para a luz do dia, e as leis fixas à lua e às estrelas para a luz da noite, que agita o mar e faz bramir as suas ondas; o SENHOR dos Exércitos é o seu nome. Se falharem estas leis fixas diante de mim, diz o SENHOR, deixará também a descendência de Israel de ser uma nação diante de mim para sempre. Assim diz o SENHOR: Se puderem ser medidos os céus lá em cima, e sondados os fundamentos da terra cá em baixo, também eu rejeitarei toda a descendência de Israel, por tudo quanto fizeram, diz o SENHOR."
Assim, novamente, o fato de que o sol, a lua e as estrelas ainda estejam conosco confirma a contínua validade da aliança abraâmica e, como resultado, o destino nacional de Israel. Para que a teologia da substituição seja válida, o sol e a lua devem também ser apagados.
A teologia da substituição zomba do caráter de D'us pois ela repousa sobre a premissa de que se você falhar com D'us de qualquer maneira, Ele irá te descartar... mesmo que inicialmente Ele tenha te asseverado que a Sua aliança com você é eterna. Isto soa como uma resposta tipicamente humana e não como a do D'us da Bíblia.
Que nós tenhamos forte encorajamento
De acordo com o leitor do livro de Hebreus, sabemos que Deus será fiel conosco, porque apesar da desobediência de Israel, Ele manteve fidelidade para com ela. Falando da aliança abraâmica ele diz: "Por isso D'us, quando quis mostrar mais firmemente aos herdeiros da promessa a imutabilidade do seu propósito, se interpôs com juramento, para que, mediante duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que D'us minta, forte alento tenhamos nós que já corremos para o refúgio, a fim de lançar mão da esperança proposta; a qual temos por âncora da alma, segura e firme, e que penetra além do véu, aonde Jesus, como precursor, encontrou por nós, tendo-se tornado sumo sacerdote para sempre. segundo a ordem de Melquisedeque." (Hb 6:17-20).
Note novamente que podemos saber que D'us é fiel pelo fato de Ele ter sido fiel para com Israel em tudo que Ele lhe prometeu. De fato, esta é a âncora de nossa alma.
1) - D'us não abandonou a nação ou o povo de Israel.
2) - Canaã é a terra de Israel até o dia de hoje.
3) - A Igreja não substituiu a Israel, mas a aumentou. " E se alguns dos ramos foram quebrados, e tu, sendo zambujeiro, foste enxertado em lugar deles, e feito participante da raiz e da seiva da oliveira, Não te glories contra os ramos; e, se contra eles te gloriares, não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz a ti. - RM 11:18
4) - A restauração moderna de Israel é evidência da fidelidade de Deus às Suas promessas e é também um forte encorajamento à Igreja.
5) - A restauração de Israel culminará no governo vindouro do Messias. Portanto, a Igreja no mundo é capaz de preparar-se e de abençoar a Israel tanto quanto ela puder.
6) - A restauração de Israel à sua terra natal é o primeiro passo em direção à redenção de Israel.
Para terminar, seria bom que notássemos uma citação do Bispo de Liverpool, o Rev. J.D. Ryle: "Eu aviso que, a menos que vocês interpretem a porção profética do Velho Testamento com um significado literal simples de suas palavras, vocês não acharão ser algo fácil manter uma discussão com um judeu. Você se atreverá a dizer a ele que Sião, Jerusalém, Jacó, Judá, Efraim e Israel não significam o que eles parecem significar, mas significam a Igreja de Cristo?"
Baruch Há Shem!
Bendito seja o Nome!
Deus Não muda a Sua Escolha
por Edward Kessler
Nos últimas semanas passadas, um antigo problema está gerando uma nova controvérsia nas relações cristãs-judaicas: a doutrina da teologia de substituição. Esta é o ensino de que, desde a época de Jesus, os judeus têm sido substituídos pelos cristãos no favor de Deus, e de que as promissões de Deus aos judeus têm sido herdadas pelos cristãos.
A colunista judaica Melanie Phillips sugeriu que a teologia de substituição, bem como o anti-semitismo, jaz por trás da crítica de Israel. Na semana passada, o Rábi Chefe Jonathan Sacks apontou a crescimento no anti-semitismo no Reino Unido.
Referência à teologia de substituição chegou a ser proeminente por duas razões: primeiro, o colapso do processo de paz israelense-palestinense, a corrente intifada alarmando os judeus, cristãos e moslins e aumentando muito as suas sensibilidades.
Segundo, o 11 de setembro e as suas conseqüências resultaram numa maior consciência do encontro com o Islame e as significantes diferenças entre as três fés abraâmidas.
Um dos vivamente debatidos tópicos no encontro entre as fés abraâmidas é a teologia de substituição, porque alguns teólogos moslins argúem que o Islame substitui a Cristandade (bem como o Judaísmo). Se a Cristandade substituir o Judaísmo, assim anda o argumento, o Islame poderá substituir a Cristandade.
Mas a Cristandade ensina a substituição do Judaísmo? Se examinarmos os escritos dos Padres da Igreja, a única resposta possível é que sim. Os Padres argüíam que, porque os judeus rejeitaram Jesus, foram punidos por ter o seu Templo destruído e por ser exilados do país de Israel. Os cristãos permitiam aos judeus sobreviverem num estado empobrecido, assim que a sua posição submissa pudesse testemunhar a verdade da Cristandade. Como resultado, o desprezo pelo Judaísmo chegou a ser central para o ensino cristão e do desenvolvimento da identidade cristã.
Felizmente - para tanto os judeus como os cristãos - há agora um novo despertar da judaicidade da Cristandade, e um reconhecimento de que a formação da identidade cristã depende dum relacionamento positivo com o Judaísmo.
Essa não é uma nova aproximação, mas sim descoberta duma antiga doutrina expressa por Paulo. Na sua carta aos romanos (especialmente nos capítulos 9-11), Paulo discute a validade contínua da aliança de Deus com o seu povo judaico.
Se a Igreja, como o novo Israel, substituiu o Antigo Israel como a herdeira da promissão, Deus, falta na sua palavra? Se Deus fez isso a respeito dos judeus, qual garantia haverá para as Igrejas que faça isso outra vez, desta vez a respeito dos cristãos?
Poder-se-ia argüir contra Paulo dizendo que, se os judeus não se mantinham fiéis com Deus, então Deus tinha o perfeito direito de jogá-los fora. É interessante que os cristãos que argúem desse modo, muitas vezes não tiravam a mesma dedução sobre a fidelidade cristã, esta que não era caraterística notável dos dois milênios passados.
Realmente, Deus parece ter havido uma capacidade notável de manter fidelidade tanto com os cristãos como com os judeus, quando não se mantinham fiéis com Ele, ponto do qual Paulo está profundamente consciente na Romanos 9-11. Ele sai fora do seu caminho para negar reivindicações de que Deus rejeitou o seu povo escolhido, afirmando que o seu tropeçar não leva a sua caída.
Na visão de Paulo, era impossível para Deus eleger o povo judaico deslocando-o depois. No seu pensar, o endurecer tomava lugar, assim que os gentílicos recebessem a oportunidade para juntar-se ao povo de Deus. A eleição da Igreja, portanto, deriva-se daquela de Israel, mas isso não implica que a aliança de Deus com Israel seja quebrada. Antes, permanece inquebrada - irrevogável.
Paulo também oferece advertência de que os cristãos gentílicos não devam ser jactanciosos referente aos judeus não-crentes, muito menos engajar-se na perseguição dos mesmos. Os cristãos usavam as críticas de Paulo contra os judeus, esquecendo o seu amor por eles e pelas tradições deles.
O papa diz que "a aliança permanece com os judeus" (Carta de Páscoa, 1986) e a Conferência de Lambeth "rejeita qualquer visão do Judaísmo que o veja como simplesmente substituído pela Cristandade" (Resoluções, 1988).
No entanto, o problema é que essas visões não representam o entendimento do venerador ordinário do relacionamento entre a Cristandade e o Judaísmo. A evidência anedótica das paróquias sugere que a teologia de substituição está amplamente aceita, embora de modo antes confuso do que anti-semítico.
O que se precisa para o ensino cristão sobre o Judaísmo é infiltrar-se através do banco da igreja. O ensino cristão hoje reflete respeito referente ao Judaísmo, respeito esse que teria sido impensável até faz algumas décadas. A maioria das Igrejas estão cometidas para a luta contra o anti-semitismo e para rejeitar a teologia de substituição.
Talvez o mais importante de tudo é a necessidade de aprender mais sobre o relacionamento judaico-cristão. É uma das poucas peças de boas notícias que possam ser relatadas no mundo de hoje. É, portanto, encourajador que haja um número de organizações dedicadas a melhorar o entendimento entre as fés. Essas incluem [no Reino Unido] o Conselho de Cristãos e Judeus, o Foro das Três Fés (Judaísmo, Cristandade e Islame), bem como a Inter Faith Network.
É também bom ver um crescimento do número das pessoas de caminhadas diferentes de vida, inclusive clero e professores, que estudam aqui no Centro para Relações Judaicas-Cristãs. Muitos compartilham o seu novo conhecimento com as suas paróquias. Por exemplo, um dos nossos estudantes criou recentemente uma exibição que mostra aos cristãos o que a Toráh significa para os judeus.
Com a ajuda de várias Igrejas, inclusive a Igreja da Inglaterra, bem como a comunidade judaica, criamos cursos de dez semanas para o clero e para leigos, exigindo só três ou quatro horas de estudo por semana.
Essas são todas tentativas para garantir que os cristãos e judeus ordinários estejam conscientes da transformação nas relações nos anos recentes e, nas palavras da Conferência de Lambeth de 1988, que os judeus e os cristãos compartilhem em "uma missão comum no mundo para que o nome de Deus seja honrado".
O Dr. Edward Kessler é Diretor do Centro para Relações Judaicas-Cristãs em Cambridge, Inglaterra. Esse ensaio apareceu primeiro no Church Times (Londres), 8 de março de 2002.
Tradução: Pedro von Werden SJ
Fonte: http://www.jcrelations.net/pt/?item=1262