Escrito por Marcelo M. Guimarães
Fonte: http://www.ensinandodesiao.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=89&Itemid=28 (siao@ensinandodesiao.org.br)
Uma vez terminando uma ministração em uma Igreja o pastor dirigiu-se a mim e disse: - “Que boa mensagem o senhor nos trouxe. Com certeza nossa Igreja caminhará agora para a frente.” E eu o refutei, imediatamente: -para frente, não! Mas, sim para trás! Para trás? Sim, tudo o que eu aqui ministrei foi para que sua Igreja voltasse a partir de hoje para trás, ou seja, voltar às raízes da Igreja do 1° Século. Voltar aos princípios vividos e proclamados por Yeshua (Jesus) e por seus discípulos. Este sim é o padrão de Igreja a ser seguido por todos nós que procuramos uma Igreja poderosa, justa e santa. Agora, qual era a literatura que eles seguiam? Em que eles criam? Em que contexto viviam? O que pregavam? Quem eram seus profetas? Por quem davam suas vidas em defesa da fé? Nunca foi fácil mudar conceitos. Imagino como Lutero sofreu com aqueles líderes religiosos e zelosos com toda a tradição e fiéis às suas ordens denominacionais. Creio que é necessário um momento de reflexão, de coragem, e de muita disposição para pagar um preço muito alto a fim de que a Igreja de volte às suas raízes. Lutero pagou com sua própria ex-comunhão da Igreja Romana. Muita coisa mudou com a Reforma protestante. Mas, será que está reforma já não está precisando de uma outra reforma? Talvez, melhor dizendo, eu não creio em levar a Igreja à mais uma reforma, mas com certeza, a Igreja Moderna precisa passar por uma profunda RESTAURAÇÃO.
Mais uma Reforma ou Restauração?
Não creio que uma segunda reforma traria à Igreja transformações cruciais e, nem tão pouco, a um avivamento duradouro. Mas, com certeza, se a Igreja voltar ao longo da história, consertar seus erros, se retratar diante de D’us, indubitavelmente, ela passará por uma grande e completa restauração. Precisa está claro que a reforma já cumpriu bem o seu papel e que o ato de restaurar não é reformar. Restaurar algo é fazê-lo novamente do mesmo modo como era no original. Este é, creio eu, o problema maior da Igreja: -Saber a hora e como voltar à sua base, à sua origem. É preciso voltar às suas raízes, aos seus conceitos básicos, à sua pureza original, vivida pelos profetas do Antigo Testamento, por Yeshua e por todos os seus discípulos no contexto judaico do 1° Século. Eu não disse voltar ao judaísmo ou às práticas judaizantes, não! Absolutamente, estaríamos em pior situação na qual já estamos, se isso fizesse (É oportuno aqui que se diga que judeus e gentios crentes (messiânicos) devem viver cada um segundo seu chamado). Judaizar a igreja nunca traria a restauração, pois judaizar seria forçar um gentio a viver ou a se portar como um judeu. Uma coisa completamente diferente é a Igreja voltar aos princípios ou ao contexto judaico no qual a Bíblia foi escrita. Isto é, entender o Novo Testamento como uma literatura da fé judaica do primeiro século. Este contexto não era chinês, nem romano, nem grego, nem egípcio, mas era judaico, entendendo os princípios da Lei, segundo à Santa Torá (o Pentateuco) dado pelo próprio D’us ao povo hebreu no Sinai. Por outro lado, não há como voltar aos princípios da Igreja do 1° Século sem uma reconexão com Israel e com o povo judeu. Nosso D’us é bom e quer que cumpramos o Seu propósito no tempo determinado por Ele. Eu creio e defendo o ponto de vista que Ele quer uma Igreja Restaurada Já! Ele deseja, como está escrito em Efésios (Ef 5:26), uma Igreja pura, santa, sem defeito, sem ruga e sem mácula. Pois o D’us Pai quer para Seu Filho, Yeshua, uma noiva que seja nova. Qual pai deseja para seu filho solteiro um casamento com uma noiva velha e mesmo doente? Esta é uma grande e simples revelação. Não se trata de unir as denominações ou ajuntá-las numa só. Não! Pois somos um Corpo multimembrado e, por isso, com multifunções (I Co 12:27). É importante frisar que a noiva é nova, pois ela não tem rugas e que temos que trabalhar para alcançar este estado. Isto me mostra que a Igreja precisará passar por mudanças radicais, a começar pela restauração dos próprios líderes. A noiva do Senhor é nova e nosso noivo é judeu e morreu antes dos 34 anos. Poucas pessoas atentam para isto. Yeshua como judeu procuraria uma noiva pagã ou fora do contexto pregado, praticado e vivido por Ele próprio? Creio que não! Não quero também dizer que o movimento judaico-messiânico ou os messiânicos, como são denominados, trarão esta restauração efetiva para o Corpo de Cristo. Poderá haver, como está havendo, uma melhor compreensão do contexto judaico da fé cristã e uma maior aproximação desta com o povo judeu e com o Estado de Israel. Mas, somente isto não trará também o avivamento desejado. Mas, então, para onde vamos? O que devemos restaurar? Por onde devemos começar? Confesso que não avocarei para mim nenhuma responsabilidade de como mudar, dando fórmulas ou modelos, etc. Creio que nosso único modelo já é a própria Bíblia. O problema é que precisamos entendê-la no contexto judaico no qual ela foi escrita. Lutero, se estivesse vivo, estaria vendo que a igreja Católica se esforçando por mudanças, repensando suas Encíclicas e corrigindo erros em sua milenar história. Mas, também estaria vendo a Igreja Evangélica se distanciando dos princípios da chamada “reforma protestante”. Os evangélicos que teriam, no meu ver, talvez melhores condições e entendimentos bíblicos trazidos pela Reforma, estão, na maioria das vezes, entretenidos com outras “doutrinas”, como por exemplo, a do sucesso, da prosperidade financeira, da criação de sua própria rede (como se uma empresa com suas inúmeras filiais) exercendo controle e centralização de poder, pontos esses que os distanciam ainda mais da Igreja do 1° Século. Algumas igrejas evangélicas estão mais preocupadas em buscar novos membros do que crescer em qualidade de fé, formando discípulos verdadeiros. Aliás, alguns confundem “fazer discípulos” com meros e rápidos cursos de discipulados e evangelismo de massa. Claro que há o lado positivo das coisas também, homens santos de D’us, pastores, teólogos, até mesmo Conselhos de Pastores, tentando promover a unidade do Corpo, afim de que a Palavra de D’us, a salvação pela fé no Messias Yeshua alcance povos e nações. Mas, será que estamos na direção certa? Será que quando um avião erra sua rota ele tenta acertá-la estando ele ainda nesta posição errada ou ele volta ao seu ponto de origem e corrige a proa? Creio que tentar consertar a Igreja de Yeshua sem voltar às suas origens, sobretudo ao contexto da Palavra, correremos o risco de distanciar ainda mais da Verdade. Será que isto já não está acontecendo com os diversos tipos de cristãos? O que, então, é necessário fazer? Por onde começar? Como disse, eu também vivo procurando e tentando descobrir métodos revelados na Palavra que produzirão uma Igreja nos padrões do 1° Século. Mas, alguns pontos de conduta poderíamos estabelecer como metas e prioridades, como por exemplo: Primeiro, é necessário assumir uma atitude sincera e honesta que o tempo, o distanciamento da Igreja de Jerusalém, as fraquezas e imperfeições dos líderes provocaram um afastamento dos princípios bíblicos vividos e promulgados pelos apóstolos e discípulos no primeiro século; Segundo,deve-se reconhecer que houve conseqüências devido este distanciamento da Palavra e da genuína fé que permitiram uma grande gama de costumes e tradições pagãs, se infiltrassem na doutrina judaico-cristã; Deve ficar claro que a Bíblia é um conjunto de livros judaicos escritos conforme os princípios da Midrash e da hermenêutica, não devendo ser interpretado fora deste contexto; Terceiro, estar convencido que é necessário começar por um processo de mudança e que isto exigirá muito trabalho e tempo, até mesmo sofrimentos e renúncias, quando se quer realmente restaurar alguns pontos, como: - A Igreja de Yeshua deve se arrepender nos pontos em que se desvirtuou, revendo sua doutrina e sua teologia, tendo como único padrão, a Bíblia; - Deve haver humildade em aceitar e reconhecer o que o Espírito Santo de D’us tem a supremacia absoluta para restaurar o Corpo de Cristo; - Rever toda a Escritura, principalmente, o Novo Testamento, entendendo-o sob o prisma do rico contexto original; - Redescobrir a Torá, suas leis e princípios que foram vividos também por Yeshua e seus discípulos na Igreja do 1° Século; - O entendimento das alianças do Sinai e do Gólgota precisa ser repensado como um propósito de D’us, onde ambas alianças se complementam e não se anulam mutuamente ( Mt 5:17); - Ser paciente e tolerante com aqueles que virão em resistência contra nós. Eu creio que a restauração da Igreja deva começar pela restauração do crente como membro individual do Corpo de Cristo. Estamos desenvolvendo um projeto chamado “Projeto de Restauração Ben Yamin”, que procura enfocar a restauração pela Palavra à nível do indivíduo, sendo que este indivíduo restaurado gerará família restaurada e um conjunto de famílias restauradas produzirão, conseqüentemente, uma igreja restaurada. É de SUMA IMPORTÂNCIA FRISAR QUE NÃO PODEMOS TER NENHUMA INTENÇÃO DE CRITICAR ESTA OU AQUELA DENOMINAÇÃO OU IGREJA, COMUNIDADES, ETC. PELO CONTRÁRIO, NOSSO PROPÓSITO E CONDUTA SÃO DE HUMILDADE E AJUDA MÚTUA PARA PRODUZIR Á UNIDADE, QUALIDADE DA FÉ E SANTIDADE, PREPARANDO, ASSIM, A ”NOIVA DO CORDEIRO”, A IGREJA, PARA O ENCONTRO COM O SENHOR YESHUA. Sucintamente, podemos visualizar com mais clareza estes três pilares básicos da Restauração, segundo minha opinião: A restauração do Indivíduo A restauração da alma do indivíduo é bem conhecido por todos e por isso, dispensamos aqui maiores comentários, salvo que métodos psicológicos fora da bíblia não produzem e nem podem produzir o que chamamos de restauração e cura pela Palavra viva de D’us ( Sl 19:7). A Restauração da Família O mover do Espírito Santo de D’us tem nos levado a isto. É bem notório que quando tratamos a Igreja em níveis de cura interior e restauração da alma, O Espírito do Senhor nos conduz, a tratar a Igreja como família. D’us tem levantado no nosso meio grandes ministérios que atuam nesta área. O partir do pão de casa em casa na celebração de nosso Shabat adotado em nossas congregações têm nos ensinando muito, aumentando nossa comunhão e dependência mútua em termos de discipulador e discipulado. A Restauração da Igreja ste tema tem sido agora a ênfase do nosso Ministério. Percebemos também que no mundo todo, estão surgindo ministérios específicos de ensino mais do que em todos os tempos até então. O Espírito Santo de D’us agindo, progressivamente, está preparando a noiva de Yeshua, a sua Igreja para a grande festa de Bodas. Sempre que voltamos à Igreja do 1° Século encontramos exemplos e experiências, como se fossem modelos que estão à nossa disposição para levarmos a Igreja a produzir frutos. É perfeitamente notório e eficaz trabalhar com grupos de pessoas específicos, como exemplo, criar grupos de casados, solteiros, jovens, crianças, o grupo da 3ª Idade e outros, discipulando-os, separadamente e, ao mesmo tempo, promovendo a interação desses grupos no contexto da própria Igreja local. Para restaurar a Igreja, a existência de um presbitério forte é essencial e fundamental. Os membros conhecem e diferem aqueles presbíteros que atuam como apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres. Da mesma forma, um corpo de diaconato forte ajuda no estabelecimento deste organismo vivo, a Igreja nos moldes do 1° Século. D’us concluirá seu plano de salvação para com as nações, para com o povo judeu e para com a nação de Israel (Rm11:26) e implantará seu reino (Ap 20:2) com seus eleitos judeus e gentios, agora, como crente, formando a família de Deus (Ef 2:19), ambos, justificados pela fé no messias Yeshua Há Mashiach, Jesus o Messias. "... Aquele que testifica estas coisas diz: Certamente cedo venho. Amém; vem, Senhor Jesus". ( Marah n´atá!).
Alguns “princípios hermenêuticos” que os leitores modernos fariam bem em considerar, segundo Hall A. Christopher, autor de "Lendo as Escrituras com os Pais da Igreja"
Nas p. 178-184, o Autor nos propõe, a partir da exegese patrística, alguns “princípios hermenêuticos” que, insiste ele, os leitores modernos fariam bem em considerar:
1) “Leia a Bíblia holísticamente”, sem perder de vista que a narrativa bíblica é uma história contínua, do Gênesis ao Apocalipse, o Antigo Testamento continuando no Novo, o Novo não podendo ser entendido sem o Antigo (p.178-179);
2) “Leia a Bíblia cristologicamente”, através do prisma da encarnação, morte e ressurreição do Senhor, consciente de que, segundo os Pais, Cristo é a chave que nos abre o Antigo Testamento” (p.179-181);
3) “Leia a Bíblia comunitariamente”, dentro do Corpo de Cristo que é a Igreja (p.181-182);
4) “Leia a Bíblia dentro do contexto e prática da oração e da vida”, relativizando as preocupações acadêmicas modernas... (p.182-184). Por Ney Brasil Pereira - Professor de Exegese Bíblica no ITESC
Muitos cristãos, em especial evangélicos, têm saído dos trilhos por falta da cerca, a Torá. “O Novo Testamento sem o Antigo é tão impossível quanto o segundo pavimento de uma casa sem o primeiro, o Antigo sem o Novo sendo tal e qual uma casa sem teto”. Judeu David Stern
"O que estão fazendo com a Igreja" é o mais novo livro lançado pelo professor Doutor Augustus Nicodemus Lopes na Bienal do Livro de São Paulo. Nascido na Paraíba fez carreira no segmento acadêmico religioso. Graduado em teologia, mestre em Novo Testamento e doutor em Interpretação Bíblica – este último título, pelo Instituto Teológico de Westminster (EUA) –, Nicodemus já dirigiu diversos seminários ligados à sua denominação e hoje exerce o cargo de chanceler da respeitada Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo. Na mesma cidade, pastoreia a Igreja Presbiteriana de Santo Amaro. O conjunto de sua obra já dá uma idéia de suas posições teológicas. Títulos como O que você precisa saber sobre batalha espiritual, Fé cristã e misticismo e Ordenação de mulheres: O que diz o Novo Testamento, todos publicados pela Cultura Cristã, entre diversos outros livros, são baseados na mesma teologia conservadora que ele não apenas abraça, como defende com unhas e dentes. O que não impede, é claro, que esteja aberto a outros pensamentos. 'Desde que sejam comprometidos com as Escrituras', ressalva. Saiba mais.